O LEGADO DA MOCIDADE PRESBITERIANA: 76 ANOS DE LUTAS E VITÓRIAS
Estamos
comemorando 76 anos de Mocidade Presbiteriana como União da
Mocidade Presbiteriana (UMP). Esta nomenclatura deve-se a uma
recomendação do Supremo Concílio da IPB, para que os pastores dessem o apoio
necessários aos jovens se organizassem em cada igreja local. Esta recomendação
foi conseqüência dos vários nomes que até então era dado aos jovens, tais como:
Sociedade de Jovens, Sociedade dos Esforços Cristãos, Sociedade Heróis da Fé,
Associação Cristã de Moços, etc. Assim o
SC/IPB reunido em Fortaleza-CE, no ano de 1938 teve o entendimento que a
juventude careciam de maior cuidado, amor, carinho e atenção dos líderes,
principalmente dos pastores e presbíteros. Nesta perspectiva criou-se a
Secretaria Geral da Mocidade, sendo nomeado naquela época para o exercício do
cargo o Rev. Benjamin Moraes.
A
partir do bom desempenho do Rev. Benjamin Moraes e as informações prestadas em
seu relatório ao Supremo Concílio, este reconheceu que a Mocidade Presbiteriana
estava madura para organizarem-se nacionalmente, como de fato aconteceu no ano
de 1946, no Instituto Presbiteriano Álvaro Reis - INPAR , o primeiro Congresso
Nacional da Mocidade Presbiteriana, organizando-se a Confederação da Mocidade Presbiteriana
(CMP), sendo eleito presidente o jovem Tércio Epêneto Emerick.
Na década de 60, o Supremo
Concílio resolveu extinguir a Confederação Nacional de Mocidade Presbiteriana,
alterando a estrutura do trabalho da Mocidade quanto à sua relevância nacional,
devido as dificuldades de relacionamentos entre a Diretoria da CMP e a IPB. Esta situação
permaneceu por vinte e seis anos, período de muitas lutas nacionais que
atingiram em certa parte a vida da Igreja, porém com o crescimento da Igreja,
foram organizadas várias federações presbiteriais e confederações sinodais que
de certa forma exigiu uma postura maior da Igreja no cuidado da Mocidade. Isto
de fato aconteceu no ano de 1986, sob a coordenação do Rev. Cleómines Anacleto
de Figueiredo, Secretário Geral da Mocidade, reorganizando a Confederação
Nacional da Mocidade (CNM).
Em 1990 com a eleição da nova
Diretoria Nacional da Mocidade, sob a presidência da jovem Eloísa Alves Helena,
empreendedora de uma nova dinâmica no trabalho da Mocidade, conseguiu consolidar
a estrutura que temos hoje. Aliás me alegro grandemente por ser hoje o pastor
da Eloísa, que continua o seu trabalho agora como Secretária Executiva da CNS.
A primeira questão a ser abordada neste legado é a forma como a
Mocidade Presbiteriana posicionava-se frente à questão eclesiástica que se
explicitava, cada vez mais claramente, após a o Governo Militar. Ela assume uma
postura ofensiva frente à “questão eclesiástica”, passando a organizar e
qualificar quadros laicos para uma ação missionária e evangelizadora da
Igreja. A “questão eclesiástica” antes de ser político-religiosa, era entendida
como uma questão moral. Este posicionamento da IPB é decorrente do
posicionamento que esta Sociedade Interna vinha tomando em âmbito nacional,
através de sua Doutrina Reformada.
O humanismo cristão é outro ponto que precisa ser tratado. A noção do
Humanismo Integral herdado do nosso pioneiro, Ashbell G. Simonton, fez com que os
jovens presbiterianos tivessem uma visão de Homem, mais propriamente, de
Pessoa, segundo uma perspectiva transcendente de suas necessidades materiais e
espirituais. A relevância do humanismo cristão no Serviço da expansão da Igreja,
trouxe a Igreja um olhar mais atento aos problemas e dificuldades dos métodos
empregados na Plantação de novas igrejas.
Outra
característica é o caráter vocacional do pastoreio. Ser pastor era algo sublime e
desejoso de todo jovem presbiteriano.
Aquele que sentia-se vocacionado para o ministério, sentia-se agradecido
a Deus pôr esta vocação, a sua igreja local e sua família de deliciavam de
gratidão pôr esta vocação. Era comum os pais orarem a Deus pôr um filho homem,
e, quando este nascia, os pais consagravam e dedicavam a obra do Senhor. Era
sonho das solteiras casarem-se com um pastor, era sonho das mães terem um filho
ou um genro pastor. Porém a partir de 1970, geralmente o que se pensa que
somente é pastor, aquele que não conseguiu ser nada na vida. As mães não oram
mais a Deus pedindo um filho homem, porém se nasce homem, ele deve ser tudo na
vida, menos pastor. Pastor hoje é sinônimo de pobreza, solidão, angustia. A
crise vocacional é acentuada ainda com a visão tecnocrata do ministério
pastoral. A idéia da Igreja como empresa e o pastor como executivo. A visão do
crente não é mais a visão do homem espiritual, crente, fiel a Deus, mas é a
visão de um empresário e uma empresa. Ao perder-se a visão espiritual do
ministério, a visão pedagógica, a igreja passa a determinar todas as regras em
que o pastor deve obedecer. Se ele obedece as diretrizes da igreja, este
permanecerá pôr longo tempo nesta igreja, porém se ele descordar, é mandado
embora. É preciso termos em conta que qualquer pastor que opta pelo trabalho
espiritual e pedagógico da igreja, terá de líder com questões que
consequentemente ferirá uns ou trará descontentamento a outros. Neste caso
seguindo os preceitos Bíblicos ele não será um pastor bom, fiel e sincero as
instituição religiosa que o contratou. É comum então observarmos o marketing na
Igreja, que reflete esta visão tecnocrata.
Moderação
e e tolerância. Neste legado tem-se nas idéias e no
comportamento do pastor, um exemplo próximo - tanto
quanto possível — da ética e da teologia reformada cristãs, tal como expostas
nas páginas do Novo Testamento. Neste legado os jovens presbiterianos estava
longe dos extremismos e deturpações que caricaturizam a igreja pós-moderna.
Para eles, o pobre não é a razão de ser dos evangelhos — como queria a teologia
da libertação —, pois todas as pessoas carecem do Criador, independentemente de
sua condição social. Criticam a chamada
"teologia da prosperidade", segundo a qual o cristão fiel é abençoado
por Deus para conquistar cada vez mais e mais bens — num rasgo de
individualismo e desejo de posse que nada tem a ver com a solidariedade e a
simplicidade recomendadas pelo apóstolo Paulo.
Alguns desafios a
Mocidade Presbiteriana do Brasil
- A
relevância da fé em Deus, ou da Igreja para os dias de hoje, muitos
continuam perguntando, dentro e fora do contexto cristão, e as respostas
têm sido as mais variadas. Somos desafiados a uma dupla tarefa: estar
conscientes e sensíveis. Nossa atitude em relação ao contexto e nossa
busca por uma obediência sincera as Escrituras, darão o tom de nossa
relevância.
- A vida
de adoração da Igreja de Cristo, já que nos tornamos especialistas em
evangelização relegando a adoração a um segundo plano. A nossa vida de
adoração geralmente é marcada pelo ritualismo sem realidade, formalismo
sem poder, euforia sem temor, religiosidade sem Deus. Somos desafiados a
resgatar uma vida de adoração pela
solicitude, silêncio e oração.
- Desafiados
a resgatar a prioridade da leitura e pregação da Bíblia.
- Desafiados
a resgatar temas como: : Visão Bíblica da História, Antropologia Bíblica,
Pecado, Depravação, Dignidade e a Teologia da Criação, Teologia dos Pactos,
Predestinação, Perseverança dos Santos.
- Por
último, neste contexto de desintegração social, somos desafiados a tornar
possível as relações humanos na vida da Igreja.
Mocidade Presbiteriano, nós pastores
precisamos de vocês, nós IPB precisamos de vocês. Vocês fazem parte da Igreja
na preservação da sã Doutrina. Lembrem-se somos Herdeiros da Reforma, e, nestes 70 anos olhem para a história do passado, das lutas e
vitórias conquistadas e lute, lute mais ainda para o Alvo Supremo.
Parabéns,
Rev. Simonton